quinta-feira, 24 de setembro de 2009

VISÃO DA BÍBLIA COMO UM LIVRO ANTIGO - PARTE 1

A. Os livros Antigos

1. A Bíblia é um livro antigo. Os livros antigos tinham a forma de rolo (Jr. 36.2). Eram feitos de papiro ou pergaminho. O papiro é uma planta aquática que cresce junto a rios e banhados, no Oriente Próximo, cuja entrecasca (parecida com a palha seca do milho) servia para escrever. Essa planta existe ainda hoje no Sudão, na Galiléia Superior e no vale de Sarom. As tiras extraídas do papiro eram coladas uma a outra até formarem um rolo com uma determinada extensão. Esse material gráfico é mencionado muitas vezes na Bíblia, exemplos: Êxodo 2.3; Jó 8.11; Isaías 18.2. Em certas versões da Bíblia, o papiro é mencionado como junco. De fato, é um tipo de junco de grandes proporções. De papiro, deriva-se a nossa palavra papel e seu uso na escrita vem de 3000 a.C.
2. Pergaminho é pele de animais, cortida e polida, utilizada na escrita. É material gráfico melhor que o papiro. Seu uso é mais recente que o do papiro. Vem dos primórdios da era cristã, apesar de já ser conhecido antes. È também mencionado na Bíblia, como em II Tm 4.13.
3. A Bíblia foi escrita originalmente em forma de rolo, sendo cada livro um rolo. Assim, vemos que a princípio, os livros sagrados não estavam unidos uns aos outros como os temos hoje em nossas Bíblias. O que tornou isso possível, foi a invenção do papel no século II, pelos chineses, bem como a do prelo, de tipos móveis, inventado em 1945, pelo alemão Gutemberg. Até então era tudo manuscrito pelos escribas de modo laborioso, lento e oneroso. Quanto a este aspecto da difusão de sua Palavra, Deus tem abençoado maravilhosamente, de modo que hoje, milhões de exemplares das Escrituras são impressos com rapidez e facilidade em muitos pontos do globo. Também, graças aos progressos alcançados no campo das investigações e da tecnologia, podemos hoje transportar com toda comodidade um exemplar da Bíblia com todos os seus livros, inclusive dentro de um simples disquete de computador, coisa impossível nos tempos primitivos. Ainda hoje, devido aos ritos tradicionais, os rolos sagrados das Escrituras hebraicas continuam em uso nas sinagogas judaicas.
4. A Bíblia foi o primeiro livro a ser impresso !

B. Terminologia

1. (O nome Bíblia). Esse vocábulo não consta dos escritos sagrados, somente na capa. Por quê e de onde vem então? A palavra Bíblia em português vem do grego biblos (biblos) que era o nome que os gregos davam à folha de papiro, usada para escrever. Ex: "Livro (biblos) da genealogia de Jesus Cristo..." (Mt 1:1); também derivado-se de biblion - (biblion), "rolo" ou "pequeno livro, ou “livro”: "Então lhe deram o livro (biblion)... e, abrindo o livro (biblion)..." (Lc 4:17). O termo biblos vem então do nome dado à polpa interna da planta do papiro em que se escreviam os livros antigos. Uma coletânea de folhas era um biblion – livro. E uma coletânea de “biblions” (livros), formavam uma Biblia – palavra derivada de biblios. Portanto Bíblia é literalmente, uma coleção de livros. A Bíblia Sagrada é então uma coleção de livros divinamente inspirados por Deus, ou seja, os 66 livros que conhecemos como o Cânon Sagrado. Com a invenção do papel, desapareceram os rolos, a palavra biblos (folha de papiro), deu origem a “livro”, como se vê em biblioteca, bibliófilo, bibliografia, etc. É consenso geral entre os doutos no assunto que o nome Bíblia foi primeiramente aplicado às Escrituras Sagradas por João Crisóstomo, patriarca de Constantinopla, no Século IV. E porque as Escrituras formam uma unidade perfeita, a palavra Bíblia, sendo um plural, como acabamos de ver, passou a ser singular, significando O LIVRO, isto é, o LIVRO dos livros; O livro por excelência. Como livro divino, a definição canônica da Bíblia é “A revelação de Deus à humanidade”.
2. Escritura(s). Termo usado no N.T. para os livros sagrados do A.T., que eram considerados inspirados por Deus (2 Tm 3:16; Mc 12:10; 15:28; Lc 4:21; Jo 2:22; 7:38; 10:35; Rm 4:3; Gl 4:30; 2 Pe 1:20; Mt 22:29; Mc 12:24; Lc 24:27; Jo 5:39; At 17:11; I Co 15:3,4; 2 Tm 3:15). Também é usado no N.T. (2 Pe 3:16). Esses termos significam "escritos sagrados". Paulo usa o termo "Sagradas Escrituras" uma vez em (Rm 1:2); "Sagradas Letras" em (2 Tm 3:15) uma vez e "Oráculos de Deus" em (Rm 3:2) uma vez.
3. Palavra de Deus. É usada em relação a ambos os testamentos, em sua forma escrita (Mt 15:6; Jo 10:35; Hb 4:12; 1 Ts 2:13; 2 Co 2:17; Rm 10:17; Mc 7:13).
4. Sagradas Escrituras (Rm 1.2),
5. Livro do Senhor (Is 34.16)
6. A palavra de Deus (Mc 7.13; Hb 4.12)

sexta-feira, 18 de setembro de 2009

A IMPORTÂNCIA DE SE ESTUDAR A BÍBLIA

E S T U D A N D O A L I Ç Ã O ! ! !


1) Bibliologia:

O assunto Bibliologia, compreende o estudo introdutório e auxiliar das Sagradas Escrituras. Com ele entendemos de que maneira chegou a Bíblia até nós e como estudá-la. A necessidade desse estudo, se dá pelo fato de que sendo a Bíblia um livro divino, veio até nós por canais humanos, tornando-se divino-humana, assim como o é a Palavra Viva, Cristo, que sendo Deus, tornou-se também divino-humano (Jo1:1; Ap 19:13).
Através da Bíblia, Deus fala aos homens em linguagem humana, por esse motivo encontramos nela, referências a montanhas, rios, mares, clima, dinheiro, comércio, política, etc. Isto é, Deus, para se fazer entender, vestiu a sua Palavra Escrita com a nossa linguagem, pois se usasse a sua linguagem, nem o mais sábio dos homens, ou o mais brilhante cientista poderia entendê-lo.

2) O campo deste assunto:

A Bibliologia estuda a Bíblia sob os seguintes pontos de vista:

a) Observações gerais sobre sua leitura e estudo.
b) Sua estrutura, considerando sua divisão, classificação dos livros, capítulos, versículos particularidades e tema central.
c) A Bíblia considerada como livro divino (sua inspiração, infalibilidade, credibilidade)
d) A formação do Cânon Sagrado
e) A preservação e tradução do texto Bíblico
f) Formas erradas de se estudar e considerar a Bíblia, como: a) Bibliolatria, b) Bibliomancia.

3) A Razão da necessidade das Escrituras

Isto está implícito em salmo 119:130; Isaías 34:16; 2 Timóteo 2:15; I Pedro 3:15 e nos conduz a dois pontos de suma importância: a) Porque devemos estudar a Bíblia e b) Como devemos estudar a Bíblia.

a) PORQUE DEVEMOS ESTUDAR A BÍBLIA:

1. Ela é o único manual do crente na vida cristã e no serviço do Senhor. O crente foi salvo para servir ao Senhor (Ef 2:10; I Pe 2:9). Desta forma, sendo a Bíblia o manual de Deus para as nossas vidas é indispensável que aquele que o serve a conheça muito bem (2 Tm 2:15).

2. Ela alimenta nossa alma (Jr 15:16; Mt 4:4; I Pe 2.2). Não há dúvida que a Palavra de Deus traz nutrição e crescimento espiritual.

3. Ela é o instrumento que o Espírito Santo usa (Ef 6:17). Se conhecermos bem a palavra de Deus, na hora que precisarmos o Espírito de Deus nos instrui segundo a palavra de Deus que habita em nosso coração e mente. Inclusive, um requisito essencial para que Deus responda as nossas orações é estarmos saturados da sua palavra. Por quê ? Pois dessa forma oraremos segundo a Sua soberana vontade e não segundo as nossas.

4. Ela enriquece espiritualmente a vida cristã (Salmo 119:72). Essas riquezas vêem por revelação pelo Espírito de Deus primeiramente (Ef 1:17). O crente que quiser entender a Bíblia com o seu intelecto, logo desistirá, pois somente o Espírito Santo de Deus conhece as coisas de Deus (I Co 2:10). A Bíblia é a revelação de Deus à humanidade. Tudo que o homem precisa saber a respeito de Deus, de sua conduta espiritual, fidelidade e felicidade eterna está na Bíblia, sendo ela a única fonte de revelação escrita de Deus. Não há mais nenhum outro manual senão a Palavra de Deus. O homem deve ler a Bíblia para ser sábio, crer na Bíblia para ser salvo e praticar a Bíblia para ser santo.




b) COMO DEVEMOS ESTUDAR A BÍBLIA:

1. Leia a Bíblia conhecendo seu autor: Isto é de suma importância, é a melhor maneira de se estudar a Bíblia. Ela é o único livro cujo autor está sempre presente quando é lida. Quem melhor para nos explicar aquilo que não entendemos em seu conteúdo que seu autor ? Façamos como Maria, irmã de Marta, que aprendia aos pés do mestre (Lc 10:39). Este ainda é o melhor lugar para o aluno !

2. Leia a Bíblia Diariamente: (Dt 17:19). Esta regra é excelente. Presume-se que 90 % dos crentes não lêem a Bíblia diariamente. Não é de admirar que haja tantos irmãos frios nas igrejas ! Não apenas frios mas raquíticos, anãos, carnais, indiferentes. Sem crescimento espiritual, Deus não pode revelar-nos suas verdades mais profundas (Mc 4:33; Jo 16:12; Hb 5:12). Há pessoas que acham tempo para ler, ouvir e assistir a tudo, menos para ler a Bíblia. É justo lermos outras coisas, como jornais ou revistas, mas é primordial tomar mais tempo para as Escrituras.

3. Ler a Bíblia com a melhor atitude mental e espiritual. Isto é fundamental para que possamos estudá-la corretamente. A melhor atitude é: a) Ler a Bíblia como a Palavra de Deus e não como uma obra literária qualquer (II Tm 3:16; I Pe 1.21). Estudar a Bíblia com oração e não apenas com o intelecto. As riquezas da Palavra de Deus são para os simples de coração que temem ao Senhor (Tg 1:21). Quanto maior for a nossa comunhão com Deus, mais humildes seremos. Os galhos mais carregados de frutos são os que mais se abaixam ! É preciso ler a Bíblia crendo em tudo que ela ensina, inclusive no campo sobrenatural. A dúvida cega o leitor (Lc 24:25).

4. Leia a Bíblia com oração, devagar e meditando. Assim fizeram os servos de Deus no passado: Davi (Sl 119:12,18); Daniel (Dn 9:21-23). Na presença do Senhor, em oração, as coisas incompreensíveis são esclarecidas (Sl 73:16,17). A meditação na Palavra aprofunda a sua compreensão (Js 1.8). Muitos lêem a Bíblia para estabelecerem recordes de leitura. Ao ler a Bíblia, aplique-a a si próprio, caso contrário não haverá virtude alguma nisto !

5. Leia a Bíblia toda: É a única maneira de conhecermos toda a verdade de Deus revelada a nós. – Como o leitor pensa compreender um livro que ainda não leu do princípio ao fim ? Mesmo lendo a Bíblia toda, não a compreendemos totalmente. Ela, sendo a Palavra de Deus, é infinita ! Nem mesmo a mente de um gênio poderia interpretá-la sem erros. Não há no mundo ninguém que possa esgotar a Bíblia. Todos somos sempre alunos (Dt 29:29; Rm 11:33,34; I Co 13:12). Portanto na Bíblia há dificuldades, mas o erro está sempre do lado humano. O Espírito Santo, que conhece as profundezas de Deus, pode ir revelando o conhecimento da verdade, à medida que buscamos a face de Deus e andamos mais pertos Dele. Amém.

4) O tema Central da Bìblia:

Jesus é o Tema Central da Bíblia (Lc24:44; Jo 5:39; At 3:18;10:43; Ap: 22:16). Em tipos e figuras Ele aparece em todo o Antigo Testamento e sua manifestção em carne ocorre no Novo Testamento (Evangelhos).



Veja o seguinte esquema abaixo:

- Em Gênesis, Jesus é o descendente da mulher (Gn 3.15).
- Em Êxodo, Ele é o Cordeiro Pascoal.
- Em Levítico, é o Sacrifício Expiatório.
- Em Números é a Rocha Ferida.
- Em Deuteronômio, é o Profeta.
- Em Josué, é o Capitão dos Exércitos do Senhor.
- Em Juízes, é o Libertados.
- Em Rute, é o Parente Divino.
- Em Reis e Crônicas, é o Rei Prometido.
- Em Ester, é o Advogado.
- Em Jó, é o nosso Redentor.
- Nos Salmos, é o nosso Socorro e Alegria.
- Em Provérbios, é a Sabedoria de Deus.
- Em Cantares de Salomão, é o nosso amado.
- Em Eclesiastes, é o Alvo Verdadeiro.
- Nos Profetas, é o Messias Prometido.
- Nos Evangelhos, é o Salvados do Mundo.
- Nos Atos dos Apóstolos, é o Cristo Ressurgido.
- Nas Epístolas, é a cabeça da Igreja.
- No Apocalipse, é o Alfa e o Ômega; é o Cristo que volta para buscar sua igreja e reinar para sempre !!!

Tomando o Senhor Jesus Cristo com tema central da Bíblia, podemos resumir os 66 livros em cinco palavras referentes a Ele, assim:

- PREPARAÇÃO:
o Todo o Antigo Testamento, pois trata da preparação para o advento de Cristo.
- MANIFESTAÇÃO:
o Os Evangelhos, pois tratam da manifestação de Cristo e sua obra na Terra.
- PROPAGAÇÃO:
o O Livro de Atos dos Apóstolos, que trata da propagação do evangelho Cristo.
- EXPLANAÇÃO OU EXPLICAÇÃO:
o As Epístolas, que são a explicação da doutrina (ensinamento) de Cristo, que Ele ensinou aos discípulos (tudo aquilo que Jesus falava aos seus discípulos, o fazia em particular, nunca nas mesmas pregações feitas à multidão, vê-se que os ensinamentos dos apóstolos nas cartas, são mais profundos em certos aspectos, do que o que Jesus falava à multidão, ela ainda não estava preparada, estava no estágio do vinde a mim Mt 11:28. Porém aos discípulos – do grego matetai matetai, que significa aluno - ensinava as coisas profundas em particular, à noite nas vigílias nos montes, para que pudessem depois, explicar à igreja, trabalho esse incumbido a eles por Jesus, que contou também com a ajuda do Espírito Santo. (Jo 16:13)
- CONSUMAÇÃO:
o O livro de Apocalipse, que trata da consumação de todas as coisas preditas, através de Cristo. (Dr. C.I. Scofield).

Desta maneira, a Bíblia sem Jesus, seria como a física sem a matéria, ou a matemática sem os números.


5) Sistema de referências bíblicas e Siglas

a) Aprendendo a ler e escrever referências bíblicas:

1. O sistema mais rápido e fácil é o adotado pela Sociedade Bíblia do Brasil: duas letras, sem ponto abreviativo, para cada livro da Bíblia. Ex: Gn – Genesis, At – Atos. Ente capítulo e versículo poe-se apenas um ponto. Ex: Gn 1.1. (Obs. Nesta apostila, adotamos dois pontos).

b) Diferenças entre texto, contexto e referências:

1. Texto, são as partes contidas numa determinada passagem bíblica.

2. Contexto, são as partes que ficam antes e depois do texto, podendo ser imediato, por exemplo: um versículo ou parte de versículo anterior ou posterior, ou também, remoto, como o capítulo anterior ou posterior ou até mesmo um livro anterior ou posterior e ainda a Bíblia toda. Por exemplo o contexto da história de Jesus é a Bíblia toda, como já vimos.

3. Referência é a conexão direta sobre determinado assunto. Além de indicar o livro, capítulo e versículo, a referência pode levar outras indicações, como:
- “a”, indicando a parte inicial do versículo: (Rm 11.7a).
- “b”, indicando a parte final de um versículo: (Rm 11.7b).
- “ss”, indicando os versículos que se seguem até o fim ou não do capítulo (Rm11.7ss)
- “qv”, significando que veja. Recomendando para não deixar de ler o texto recomendado. Vem do latim quod vide = que veja. Quando lemos um livro sobre algum assunto bíblico, o qual contenha referências, essas, se não dominadas, faz com que não compreendamos o que o autor quer que façamos, desta forma deixamos de aproveitar o que o livro nos oferece a nível de conhecimento. Simplesmente passamos pelas referências, como se elas estivessem ali por engano, achamos que são pontinhos perdidos no texto.
- “cf”, significando compare, confirme, confronte. Vem do latim confere.
- “i.e”, significando isto é, vem do latim = id est.

c) Siglas das diferentes versões em vernáculo, ou seja, na nossa língua.

1. ARC, Almeida Revista e Corrigida. Bíblia traduzida dos originais por João Ferreira de Almeida. Versão Antiga.
2. ARA, Almeida Revista e atualizada. É a edição atualizada de Almeida em 1958.
3. FIG, Padre, Antônio Pereira de Figueiredo. Atualmente impressa pela Sociedade Bíblica Britânica e Estrangeira. (SBBE).
4. SOARES, Padre Matos Soares, versão popular dos católicos brasileiros.
5. RHODEN ex-padre brasileiro, versão particular, somente o NT.
6. CBSP, Centro Bíblico de São Paulo, Edição católica popular da Bíblia, SP
7. TRAD. BRAS. Tradução Brasileira, 1917
8. NVI – Nova Versão Internacional.